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US Quiz of the Month – July 2011

CASE REPORT

Doente do sexo feminino, 43 anos de idade, que recorreu ao SU por febre (até 39ºC) e epigastralgia de intensidade moderada, que agravava após a ingestão de alimentos. Este quadro tinha 3 dias de evolução com agravamento progressivo. Analiticamente apresentava hemograma sem alterações, discreta elevação das transaminases (TGP-59 U/L; TGO-49 U/L), gama-GT (191 U/L) e fosfatase alcalina (161 U/L). Tratava-se de uma doente com lupus eritematoso sistémico diagnosticado há 13 anos, submetida a transplante renal há 3 anos e, desde essa data, sob terapêutica imunossupressora. Tinha antecedentes de 2 episódios prévios de pancreatite aguda associada a azatioprina. Perante a hipótese de pancreatite aguda recorrente, foi solicitada realização de ecografia abdominal no serviço de gastrenterologia. Na ecografia foi visualizada imagem linear, hiperecogénica, pontiaguda, com cerca de 3cm de comprimento, localizada entre a parede do bulbo duodenal e a região do hilo hepático podendo corresponder a corpo estranho (espinha?); o tecido envolvente apresentava algum grau de edema sugerindo inflamação (Figura 1).

Figura 1 – Ecografia abdominal – suspeita de corpo estranho

Foi efectuado controlo ecográfico após 24h, mantendo os mesmos aspectos descritos. Realizou-se endoscopia digestiva alta com visualização de mucosa congestiva no bulbo e um pequeno foco de exsudato esbranquiçado que poderia corresponder ao local de perfuração da parede digestiva por corpo estranho observado na ecografia (Figura 2).

Figura 2 – Endoscopia digestiva alta – bulbo duodenal

Foi solicitado apoio da cirurgia que decidiu pela realização de laparotomia exploradora com extracção de corpo estranho pontiagudo e tecido inflamatório envolvente constituindo uma massa tipo ?plastron?. A análise da peça operatória confirmou a hipótese de se tratar de uma espinha de peixe que atravessou a parede do bulbo em direcção ao hilo hepático. À data da alta a doente apresentava-se assintomática, com normalização dos parâmetros analíticos.

Ana Caldeira, Eduardo Pereira
Serviço de Gastrenterologia, Hospital Amato Lusitano, Castelo Branco