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US Quiz of the Month – June 2011

CASE REPORT

Sexo feminino, 35 anos, sem antecedentes patológicos de relevo. Por queixas de dispepsia realizou, em ambulatório, endoscopia digestiva alta com a observação de protusão do lúmen ao nível da segunda porção do duodeno, sem outras alterações de relevo. Referenciada ao nosso hospital para realização de Ecoendoscopia digestiva alta. Apresentou resolução das queixas de dispepsia com tratamento com inibidores da bomba de protões.

Imagem 1:Imagem ecoendoscópica e endoscóscópica ao nível da segunda porção duodenal. Na ecoendoscopia observada lesão quística hipoecogénica homogénea, de contornos regulares e limites bem definidos, localizada na camada submucosa da parede duodenal, com dimensões transversais de 3,14 cm x 2,15cm.

Imagem 2:Imagem ecoendoscópica, mostrando a lesão quística com origem na camada submucosa da parede duodenal e identificando na parede do quisto a representação de 3 camadas.

Imagem 3:Imagem ecoendoscópica da lesão quística em maior ampliação. Em conjunto a parede duodenal e a parede do quisto atingem uma espessura de 7,5mm.

 

Imagem 4:Imagem da RMN e ColangioRMN, mostrando a formacão cística de contornos regulares e estrutura homogénea, na dependência da segunda porcão do duodeno, com cerca de 4,5 cm de diâmetro longitudinal por 3 cm de diâmetro transversal, condicionando reducão do calibre do lúmen do duodeno a esse nível.

Comentários:

Os quistos de duplicação surgem durante o desenvolvimento embrionário e podem envolver todo o tracto gastrointestinal, localizando-se em 50% dos casos no intestino delgado e nos restantes no esófago, estômago e cólon. Estas lesões contêm mucina, possuem uma camada muscular lisa e são delineadas pela mesma mucosa do tubo digestivo, podendo ocasionalmente ter comunicação com o lúmen intestinal adjacente.

Apresentam uma morfologia esférica ou tubular, endoscopicamente de aspecto levemente transparente e ecograficamente como lesões subepiteliais geralmente arredondadas de margens regulares e anecogénicas homogéneas, no entanto, podem apresentar material ecogénico por material mucinoso ou debris dando uma imagem de interface com o conteúdo anecogénico ou um aspecto hipoecogénico homogéneo e ser confundidos com lesões sólidas em TAC ou RMN. Ecograficamente define-se a sua origem na terceira camada da parede digestiva, apresentando a parede do quisto a representação de três ou cinco camadas. A PAAF (punção aspirativa por agulha fina) por ecoendoscopia, sob profilaxia antibiótica, é segura e confirma o diagnóstico, mas geralmente não é necessária.

Estas lesões são raramente sintomáticas, por efeito de massa com disfagia ou dor abdominal, raramente por complicações como hemorragia, perfuração ou pancreatite. Têm um potencial maligno muito baixo, com raros casos descritos de transformação maligna.

O tratamento dos quistos, quando sintomáticos ou em crescimento, é tradicionalmente por ressecção cirúrgica, havendo porém em alguns casos lugar para tratamento endoscópico.

Sílvia Leite, Pedro Moutinho Ribeiro

Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar do Alto Ave, Guimarães