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“O carcinoma hepatocelular é uma doença complexa, cuja abordagem sofreu mudanças enormes nos últimos anos” – Entrevista com Joana Nunes

A “Masterclass CHC: Uma visão a 360º do Carcinoma Hepatocelular: Da Imagem à Imunoterapia”, realizada no passado dia 31 de outubro pela Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG), com o apoio do Astrazeneca e da Roche, teve como objetivo oferecer uma visão atualizada sobre as diferentes fases de diagnóstico, estadiamento e tratamento do carcinoma hepatocelular (CHC). 

Joana Nunes, Secretária-Geral da SPG e membro da comissão organizadora da Masterclass, sublinha a importância desta iniciativa como uma oportunidade única de atualização científica numa doença cuja incidência tem vindo a aumentar em Portugal e no mundo. 

Quais foram os principais objetivos da iniciativa?

Joana Nunes (JN) - O principal objetivo desta Masterclass foi oferecer uma visão completa, atualizada e integrada sobre o carcinoma hepatocelular, desde o diagnóstico até às opções terapêuticas mais inovadoras. Esta iniciativa é particularmente relevante se considerarmos alguns aspetos importantes desta patologia, nomeadamente o aumento da incidência do CHC em Portugal e no mundo, bem como os avanços significativos registados nas últimas décadas em diferentes áreas terapêuticas — da abordagem loco-regional à terapêutica sistémica.

Além disso, a Masterclass teve como propósito criar um espaço de atualização científica, mas também de diálogo e partilha entre especialistas de várias áreas — Hepatologia, Imagiologia, Cirurgia, Oncologia, Medicina Interna e Cuidados Paliativos. 

Quais foram os tópicos mais relevantes abordados durante a sessão?

JN - A Masterclass foi organizada em quatro módulos que acompanharam o percurso do doente com CHC, desde o diagnóstico até ao acompanhamento em fases mais avançadas da doença.

No primeiro módulo, discutiram-se os desafios do diagnóstico e do estadiamento, com destaque para o papel essencial da imagem e para a complexidade acrescida da cirrose hepática associada.

O segundo módulo focou-se nas opções de tratamento cirúrgico e loco-regional, abordando temas como a radioembolização e a utilização de ferramentas de inteligência artificial, como o HepatoPredict, no apoio à decisão clínica.

O terceiro módulo explorou a revolução trazida pela imunoterapia no tratamento sistémico do CHC, destacando também a importância da prevenção e gestão dos efeitos adversos.

Por fim, o quarto módulo trouxe uma perspetiva centrada no doente, sublinhando a integração dos cuidados paliativos e a importância do suporte contínuo às pessoas que vivem com CHC em fases mais avançadas.

Na sua opinião, qual é a importância desta Masterclass para os profissionais de saúde?

JN - É uma iniciativa de enorme valor. O carcinoma hepatocelular é uma doença complexa, cuja abordagem sofreu mudanças enormes nos últimos anos. Esta Masterclass proporcionou aos profissionais de saúde uma oportunidade única para se manterem a par das mais recentes evidências científicas e das inovações clínicas nesta área.

Para além da atualização científica, esta reunião promoveu um ambiente de colaboração entre especialistas de diferentes centros e especialidades. Esta troca de experiências é fundamental para garantir uma abordagem mais coordenada e eficaz ao tratamento do CHC. No final, tudo converge para um objetivo comum: oferecer os melhores cuidados aos nossos doentes.

Para terminar, em nome da comissão organizadora, gostaria de agradecer a todos os profissionais que participaram e contribuíram para esta iniciativa, dos palestrantes aos participantes.