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US Quiz of the Month – May 2012

CASE REPORT

Doente do sexo masculino, de 77 anos, referenciado para realização de ecografia endo-anal por quisto sacrococcígeo recorrente fistulizado para a pele.

História de quisto sacrococcígeo submetido a excisão cirúrgica em Novembro de 2010 e em Agosto de 2011 por recidiva local, sem cicatrização actual do local cirúrgico.

Ao exame objectivo, observada cicatriz de cirurgia na comissura anal posterior, bem como fistulização única imediatamente à esquerda desta; Ausência de outros orifícios perineais.

Realizada ecografia endo-anal com sonda rectal rígida radial (ALOKA ASU-67, frequência 7,5-10 Mhz), com caracterização complementar do trajecto fistuloso através da instilação de água oxigenada a 3% (H2O2) por canulação do orifício externo com abocath 20G.

Imagem 1: Colecção no espaço isquiorectal posterior esquerdo: A. sem H2O2 e B. introdução de H2O2.

Imagem 2: Trajecto transesfincteriano na porção alta do canal anal médio: A. sem H2O2 e B. com H2O2.

Imagem 3: A. Trajecto interesfincteriano curto no canal anal superior. B. Identificação do orifício interno com H2O2.

 

Os achados ultra-sonográficos mostraram fístula com orifício interno localizado no canal anal superior, quadrante posterior, às 5 horas, com trajecto descendente interesfincteriano curto até à porção alta do canal anal médio, e trajecto transesfincteriano posterior, atravessando o esfíncter anal externo. Este trajecto comunica com uma colecção no espaço isquiorectal posterior esquerdo, com maiores diâmetros transversais de 26,9mmx23,2mm, terminando, posteriormente, em orifício externo ao nível da pele da região perineal, à esquerda da comissura posterior ( local de exérese prévia de quisto sacrococcígeo).

 

Comentário

A acuidade diagnóstica da ecografia endo-anal (EEA) na avaliação de infecção ou fistulização perianal tem sido demonstrada, sendo um importante instrumento no estudo dos doentes com processos recorrentes, complexos ou associados a doença inflamatória intestinal. A sua adequada caracterização é essencial na definição da abordagem e sucesso terapêutico.

A injecção de água oxigenada no orifício fistuloso externo serve como método de contraste ecográfico e melhora a acuidade diagnóstica da EEA, podendo identificar trajectos não observados na EEA convencional, distinguir processos fistulosos activos de áreas cicatriciais, confirmar a patência do trajecto e a sua comunicação com orifício interno. Os estudos relativos a este método, têm mostrado melhoria dos resultados, particularmente na definição de trajectos secundários e na localização do orifício interno, como no nosso caso clínico, sendo de fácil utilização e com boa tolerância pelos doentes.

Sílvia Leite, Pedro Moutinho Ribeiro, José Cotter

Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar do Alto Ave, Guimarães