Pesquisa

História do CPP

1979

Quando se efectuou o 1º curso de Pancreatologia para Pós-Graduados, em Junho de 1979, foi sugerida por um grupo de gastroenterologistas a criação de um clube Português de Pâncreas, que seria uma associação informal de médicos e outros profissionais de saúde interessados pela Pancreatologia, tendo como objectivos fundamentais:

  • Estimular e programar o trabalho clínico e laboratorial, quer no campo assistencial, quer no da investigação;
  • Promover o intercâmbio, nacional e internacional, entre pessoas ou grupos de trabalho ligados à Pancreatologia;

Promover actividades educacionais e formativas neste domínio.
Estes objectivos, entre outros, seriam alcançados mediante a organização de estudos epidemiológicos e pela elaboração de protocolos de diagnóstico e terapêutica, a processar a nível nacional.

Nos planos de intercâmbio ficariam incluídas as reuniões anuais em Hospitais Distritais diferentes, não só para apreciação dos referidos protocolos, como também para divulgação e discussão de trabalhos de investigação, e para apresentação de casos em reuniões clínicas.

Previu-se o intercâmbio científico com associações estrangeiras congéneres. A Assembleia Geral que aprovou estes objectivos foi, constituída por todos os colegas de Lisboa, Porto e Coimbra e de vários Hospitais Distritais do país que haviam respondido afirmativamente à criação do “Clube” entre os quais se destacam: Andrade Pimenta (Coimbra), Luís Capoulas (Montemor-o-Novo),

Cortez Trindade (Lisboa) Pardete Costa Ferreira (Setúbal), Estima Martins (Porto), Pinto Mascarenhas (Lisboa), Abílio Veiga Oliveira (Oliveira do Bairro), Silva Leal (Porto), João Lamy (Lisboa ), Manuela Noronha (Lisboa) e Orlando Bordalo (Lisboa).

Foi, então, o clube fundado, tendo Orlando Bordalo sido eleito, entre os sócios fundadores, seu presidente, Manuela Noronha secretária e João Lamy o Tesoureiro. Na mesma sessão, foram propostos e aceites como sócios honorários, os Professores David Dreiling, Keneth Wormsley, André Ribet, Francisco Vilardell, Meinhard Classer e a Professora Rosalind Yallow, Prémio Nobel da Medicina, os quais haviam participado no 1º Curso de Pancreatologia para Pós-graduados que, na altura, se organizara.

O entusiasmo inicial contagiou outras especialidades afins porque o estudo do pâncreas, sendo um órgão multidisciplinar, envolve a necessidade do conhecimento alargado das ciências básicas e o seu entrosamento com a prática clínica, médica e cirúrgica, apoiada na patomorfologia, na bioquímica e na tecnologia imagiológica. Daí o interesse de vários especialistas destas áreas aderir ao projecto ingressando no Clube como membros associados.

Após esta fase inicial do clube, francamente positiva em termos de adesão multidisciplinar, as reuniões científicas e clínicas sucederam-se anualmente quer em diversos Hospitais Distritais de todo o país quer aquando da realização do Congresso Nacional de Gastrenterologia. No seu programa era sempre incluída uma sessão onde se debatiam alguns temas controversos da Pancreatologia bem como Simpósio de actualização desta matéria.

1981

1ª Reunião do Clube Português do Pâncreas com o seguinte programa: Conferência: “Álcool e Pâncreas”. Um simpósio sobre “Recentes Aquisições em Pancreatologia “ tendo como moderador Orlando Bordalo, e com os seguintes participantes: Lomba Viana, Maximino Leitão, Mª Luísa Moreira, J.M Carrilho Ribeiro, Luís Ayres de Sousa e Manuela Noronha.

Também foi apresentada uma Comunicação: “Pancreatite crónica calcificante. A propósito de um caso”. Teresa Antunes, Manuela Noronha, D.A. Dreiling e Orlando Bordalo (Apresentada pela Drª Teresa Antunes).

1982

A 2ª Reunião Científica teve lugar em Braga em 1982 e o programa teve um único tópico “Selecção de Métodos de Diagnóstico das Pancreopatias” com a participação de: J.F. Carneiro Chaves, J.M. Carrilho Ribeiro, A.A.R.M. Donato, Diniz de Freitas, Paulo S. Figueira, Hermano J. Gouveia, R. Lomba Viana, A.G.P. Silva Leal, Maximino Leitão, M.L. Moreira, M. Noronha, Tomé Ribeiro e Carlos M.R. Sofia.

A 3ª Reunião Cientifica do Clube teve lugar no Porto, em 1982 no Hospital de S. João, O tema incidiu sobre “ A atitude do clínico no controlo da Pancreatite” que foi amplamente discutida pelos membros do painel.

1983

Em 1983 coube a vez a Coimbra a organização da 4ª Reunião científica do Clube a qual se processou no Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra, com a participação de gastrenterologistas estrangeiros. Tema discutido em mesa redonda: “Tentativa de reclassificação das Pancreatites”. A moderação coube a Orlando Bordalo sendo a mesa constituída por: A. Ribet (França), C. Mott (Brasil), H. Goebell (Alemanha), Barkin (U.S.A), Daniel Serrão, A. Batista, M. Noronha, Giesteira de Almeida, Araújo Teixeira, J. Girão, Carneiro Chaves, Tomé Ribeiro e Diniz de Freitas. Seguiu-se uma Comunicação: “Avaliação Simultânea da Função Exócrina Pancreática e das Células B, após estimulação” “ B. Pinho, T. Antunes, M. Noronha e Orlando Bordalo, apresentada pelo Dr. Bernardino Pinho.

Em 1983, organizou-se uma Reunião extraordinária do Clube, no auditório da Fundação Calouste Gulbenkian sob a orientação de Orlando Bordalo e Jorge Girão. Após 2 conferências subordinadas aos títulos: Doença Inflamatória Crónica do Pâncreas e Litiáse Residual da via Biliar Principal. Seguiu-se uma mesa redonda com a participação de: A. Ribet (Toulouse), C. Mott (São Paulo), M. Knight (U. K), A. Batista e M. Noronha, obedecendo ao Tema: Pancreatite -Diagnóstico e Orientações Terapêuticas. Na continuação do programa seguiu-se uma segunda Mesa Redonda, moderada por: A. Ribet subordinada ao tema “Avaliação Funcional da Pancreatite Crónica. Selecção de Métodos”. A Reunião terminou com uma sessão de apresentação de casos clínicos flash: Interpretação de Provas Funcionais, moderada por Orlando Bordalo e A. Ribet.

1984

Em 1984 coube a Portugal a organização do Congresso Europeu de Gastrenterologia sob a Presidência de José Manuel Carrilho Ribeiro e Secretariado por António Pinho. Surgiu então a ideia de se organizar, simultaneamente, uma “Semana Internacional do Pâncreas” que abrangesse a reunião anual do Clube Europeu, durante 3 dias e, em seguimento, ocupando a restante semana, uma outra reunião internacional integrando cientistas de todos os Continentes.

Nesta mesma semana que se realizou de facto (Pancreas Week) processou-se, também, uma curta reunião conjunta dos Clubes Português e Brasileiro de Pâncreas. Este “encontro”, global, foi coroado de enorme sucesso, pese embora a dificuldade na organização do programa científico para se evitar a natural sobreposição de temas, o que foi conseguido. E assim nasceu a “International Association of Pancreatology” (IAP) cuja ideia constituía já uma das nossas pretensões durante os dois anos anteriores à organização deste certame que teve lugar no Estoril.

A ideia da IAP já havia sido exposta em 1982, em New Orleans, durante uma reunião do “American Pancreas Club” com a presença

de David Dreiling, Murrel Kaplan, Peter Banks, Parvis Pour entre outras personalidades da pancreatologia americana onde obteve apoio e enorme impulso para prosseguir.

O esboço do regulamento foi posteriormente apresentado em sucessivas reuniões internacionais onde obteve o consenso de todas as sociedades nacionais congéneres. Refira-se que a IAP começou a editar a sua própria revista “The Internatoinal Journal of Pancreatology- IJP” assumindo Parviz Pour a posição de editor chefe e Orlando Bordalo e André Ribet a de co- editores. Refira-se também que o Clube Português de Pâncreas foi um dos patrocinadores do IJP, revista que ainda hoje se mantém, embora com outra designação: “ Pancreatology”.

O Clube manteve-se activo patrocinando as sessões de pancreatologia incluídas nos programas dos Cursos para pós-graduados que se realizaram bi-anualmente pelo serviço de medicina II e medicina III do Hospital de Santa Maria.

1997

Em 1997 a presidência do CPP passa a ser assumida por Henrique Bicha Castelo.

2003

Finalmente, em 2003 foi eleita uma nova Direcção, presidida pelo Dr. António Simões Marques, que voltou a dinamizar o Clube no sentido de readquirir a sua identidade. Iniciou-se a colaboração científica com as Sociedades Mediterrânicas de Pancreatologia, que havia sido fundada pelo Professor Lúcio Gullo em 1999.

A primeira reunião desta Sociedade teve lugar em Bolonha, e as subsequentes reuniões bienais (Santorini em 2001; Santiago de Compostela em 2003), vieram consolidar esta sociedade, cujo objectivo fundamental é incentivar o conhecimento e a investigação no campo da pancreatologia, nos Países mediterrânicos.

2005

Em 2005, foi em Lisboa que se realizou a “Fourth Meeting of Mediterranean Societies of Pancreatology” conjuntamente com a Reunião do Clube Português do Pâncreas de 6 a 8 de Outubro.

Organizada pelo Clube Português do Pâncreas, com a colaboração das Sociedades Portuguesas de Gastrenterologia, de Endoscopia Digestiva e de Cirurgia, com o tema: Controvérsias na Doença Pancreática. A abertura dos trabalhos incidiu sobre o tema Epidemiologia da Pancreatite Aguda, onde foram apresentados os resultados preliminares de um estudo multicêntrico, rectrospectivo nacional, numa mesa redonda representada pela França, Espanha, Grécia. Itália e Servia.

Desde a sua fundação, o CPP vem realizando um trabalho notável na divulgação das doenças do pâncreas, na educação pós-graduada, e na promoção da investigação nesta área.

Nos últimos 15 anos as doenças pancreáticas têm despertado um enorme interesse e o CPP sofreu uma renovação com a entrada de muitos jovens gastrenterologistas interessados por esta área da gastrenterologia muito por causa do cancro do pâncreas, cuja incidência tem crescido sendo já em alguns países ocidentais um dos tipos de cancro mais frequentes e o mais mortal.

As direcções mais recentes refletem este interesse e têm trabalhado para que o CPP cresça e se afirme, tornando-se cada vez mais presente na vida dos gastrenterologistas portugueses e visível para a população.

Num processo que passou pelo incremento da colaboração e articulação com a SPG, o CPP tem continuado a estimular a investigação clínica e as publicações na área do pâncreas, através das bolsas e prémios atribuídos todos os anos.