Raquel Oliveira, Joana Roseira, Helena Tavares de Sousa Serviço de Gastrenterologia – Unidade de Portimão, Centro Hospitalar Universitário do Algarve ABC – Algarve Biomedical Centre
1. Não monitorizar ou adequar o tratamento segundo a estratégia treat-to-target.
A remissão clínica (definida de uma forma simples como a ausência de retorragia e normalização da frequência das dejeções) é um alvo terapêutico importante. Contudo, é insuficiente, uma vez que a atividade endoscópica, apesar de poder ser subclínica, predispõe ao desenvolvimento de displasia e neoplasia.
A normalização dos biomarcadores de inflamação, sobretudo calprotectina fecal, é um alvo intermédio, e deve-se ponderar otimização terapêutica caso não seja alcançada.
A remissão endoscópica é o alvo terapêutico ótimo a longo prazo. Correlaciona-se com melhores outcomes e menores taxas de agudização, internamento e colectomia.
A remissão histológica, apesar de não ser ainda um alvo formal, foi considerada um target adicional com potencial impacto prognóstico.
2. Não reconhecer os timings necessários à resposta a cada terapêutica.
O tempo necessário para atingir cada alvo terapêutico depende da terapêutica escolhida.
É errado considerar falência terapêutica antes destes timings.
Após estes timings, se o alvo terapêutico não foi atingido, a manutenção da mesma terapêutica deve ser questionada.
3. Não excluir outras causas para falência terapêutica.
Perante uma doença aparentemente refratária:
é necessário confirmar objetivamente a atividade da doença, através de biomarcadores de inflamação e/ou endoscopia;
deve-se reavaliar a extensão da doença, uma vez que a extensão proximal da CU pode justificar ausência de resposta a terapêutica previamente eficaz;
é importante verificar a adesão e o potencial para otimização terapêutica, ponderando therapeutic drug monitoring se aplicável;
devem-se excluir outras condições, como infeções, colite secundária a fármacos (AINEs…), exposição a radioterapia ou imunoterapia, ou isquemia, por exemplo.
Na ausência de evidência de inflamação, é necessário excluir patologia funcional concomitante, como a síndrome de intestino irritável.
4. Não considerar o bem-estar dos doentes.
A qualidade de vida e a ausência de disfunção associadas à doença são alvos terapêuticos a monitorizar.