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Entrevista ao Presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, Professor Guilherme Macedo

Temos o prazer de inaugurar as nossas “SPG em conversas” com uma conversa com o Presidente da SPG, o Professor Doutor Guilherme Macedo

Caro Professor Guilherme,

  1. Qual é o maior desafio em ser Presidente da SPG?
    O maior desafio da Presidência é seguramente o reforçar e remodelar a nossa identidade corporativa demonstrando com definitiva segurança -perante os nossos pares, sociedade civil e decisores políticos - como somos os especialistas da Saúde Digestiva, e o que isso representa para os indivíduos e para a sociedade portuguesa em geral. Fazer tornar claro o papel e o relevo atual da Gastrenterologia no modelo do sistema de saúde de Portugal e no mundo, como ultrapassamos os dilemas actuais e inquietações do futuro para a especialidade e como lidamos com os desafios formativos que estamos a enfrentar e que perspectivamos para futuro.
  2. Quais são as sinergias entre o cargo de Presidente da SPG e da World Gastroenterological Organisation (WGO)?
    À escala global, o que se acrescenta a isto é a necessidade de reconhecer e adaptar a diferentes realidades, plurais e muito diversas, a força da ação da gastrenterologia.  A necessidade de atualização permanente e que a acompanhe o crescimento constante do conhecimento, obriga a um esforço educacional que é a matriz da WGO. Em tudo semelhante às nossas preocupações: inovação, educação e consequente capacidade de intervenção ao nível de cada um e de cada grupo populacional
  3. Quais são os maiores desafios dos Gastrenterologistas portugueses atualmente?
    Os Gastrenterologistas devem compreender que há uma necessidade permanente e contínua de ultrapassar a inevitável demonstração da competência clínica, técnica e científica. Permanecerem abertos aos novos paradigmas de pensamento científico, aos futuros padrões do exercício da medicina e à evolução no ensino, assistência e investigação: isso obriga a uma atenção continuada dos profissionais de forma a garantir a segurança e excelência das decisões clínicas.
  4. Quais são os seus conselhos aos Gastrenterologistas em formação e recém-especialistas?
    Sem paternalismo, mas com a experiência de ter testemunhado múltiplas inflexões e câmbios de interesses que se movimentaram em torno da Gastrenterologia (por entidades publicas e privadas) creio que o maior apelo que se pode fazer actualmente, é que os jovens especialistas e internos em formação, estejam focados, centrados, tranquilos, mas dedicados, à prática humanizada da Gastrenterologia. O barulho de fundo entre a desorganização estatal e a volúpia dos privados, não podem nunca condicionar a formação, o desenvolvimento e o crescimento dos nossos profissionais. A natureza do nosso comportamento como médicos tem uma extraordinária oportunidade de se revelar durante a prática da Gastrenterologia. Saibamos usar esse privilégio.
  5. De que forma é que a Gastrenterologia Portuguesa se deve posicionar de forma a continuar a destacar-se no panorama internacional?
    Iremos sempre ter um papel de destaque, se na nossa conduta formos intensivos, exigentes e práticos, capazes de dialogar e compreender a diversidade. Esse enriquecimento cultural é uma mais valia de que nos podemos orgulhar