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Erros comuns

Erros comuns na vigilância pós-polipectomia

Margarida R Saraiva, Isadora Rosa, Serviço de Gastrenterologia, IPOLFG, EPE

Não ter em conta a qualidade da colonoscopia

O primeiro passo para estabelecer um plano de vigilância é assegurar que a colonoscopia de base cumpriu critérios de qualidade – um exame completo, com entubação cecal, uma boa preparação intestinal em todos os segmentos e a resseção completa de todos os pólipos/lesões planas identificados são os requisitos mínimos. (ESGE 2020; US Multi-Society Task Force 2020)

Ignorar os antecedentes pessoais e comorbilidades

Os doentes com Doença Inflamatória Intestinal com envolvimento do cólon, aqueles com história de cancro colo-rectal (CCR) ou aqueles com antecedentes de radioterapia abdomino-pélvica e/ou quimioterapia sistémica antes dos 40 anos têm um risco aumentado de CCR e devem seguir programas de rastreio/vigilância específicos. (NCCN 2023)
Em doentes com comorbilidades graves e/ou com mais de 75 anos, os riscos da vigilância podem exceder os benefícios – as decisões têm de ser individualizadas. Não há evidência de benefício em manter vigilância acima dos 85 anos. (US Multi-Society Task Force 2022; NCCN 2023)

Ignorar os antecedentes familiares

A história familiar é o principal fator de risco para CCR e pode implicar programas de vigilância mais precoces e/ou mais intensivos do que aqueles recomendados para a população em geral, independentemente da história de polipectomias. (US Multi-Society Task Force 2020; NCCN 2021)

Não considerar as várias características dos pólipos/lesões planas e da resseção endoscópica

A dimensão e o número das lesões, a presença de displasia em lesões serreadas e a presença de displasia de alto grau são todos fatores a ter em conta ao programar a vigilância. No caso de lesões com 20mm ou mais, terá ainda de se ter em conta o tipo de resseção endoscópica – se a resseção tiver sido feita em fragmentos a vigilância terá de ser feita mais precocemente. (ESGE 2020; US Multi-Society Task Force 2020)

Ignorar as lesões serreadas

As lesões serreadas sem displasia e com menos de 10mm da sigmoideia distal e recto não implicam vigilância. No entanto, em todos os outros casos, as lesões serreadas têm de ser tidas em conta e aquelas com displasia, 10mm ou mais e os adenomas serreados tradicionais são consideradas lesões de risco. É ainda essencial verificar se se cumprem critérios clínicos da OMS para Polipose Serreada. (ESGE 2020; US Multi-Society Task Force 2020; WHO 2019)