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Quiz – maio de 2024

Mulher de 32 anos, com história de parto eutócico 4 meses antes, toma esporádica de AINEs, e queixas dispépticas esporádicas, sem outra sintomatologia acompanhante, é admitida no serviço de urgência por episódio de hematoquézia com instabilidade hemodinâmica, com boa resposta a cristalóides, mas tendo existido necessidade de suporte transfusional. Com excepção de hemangioma no lábio inferior, não existiam outras particularidades no exame objectivo. A endoscopia digestiva alta não revelou sangue, nem lesões potencialmente sangrantes. Na colonoscopia total com progressão até ao íleon, observou-se sangue vivo em todo o trajeto, mas sem evidência de foco hemorrágico. Dada estabilidade hemodinâmica, realizou uma enteroscopia por videocápsula, com os seguintes achados (vide figura).

Qual o diagnóstico mais provável:

Na enteroscopia foi observado “ um sinal de duplo lúmen”, compatível com a hipótese diagnóstica de Divertículo de Meckel. Optou-se pela realização de cintigrafia Tc99m, evidenciando-se uma área focal de moderada acumulação de radiofármaco no flanco direito. Estabeleceu-se assim o diagnóstico presuntivo de Divertículo de Meckel, tendo a doente sido referenciada para cirurgia.

O divertículo de Meckel é a maformação congénita mais frequente do tubo digestivo (prevalência de 2-3%), sendo secundário à existência de um distúrbio no encerramento do ducto onfalomesentérico. É uma das principais causas de hemorragia digestiva média nos jovens, sendo um importante diagnóstico diferencial, dada a possibilidade de se apresentar sob a forma de uma hemorragia massiva.

 

 

Gomes P, Simas D, Ruge A, Antunes A, Atalaia C, Vasconcelos H

Unidade Local de Saúde da Região de Leiria