Pesquisa

US Quiz of the Month – March 2012

CASE REPORT

Doente de 39 anos, sexo feminino com antecedentes conhecidos de colecistectomia por via laparoscópica em 2002, sem medicação habitual. Recorreu ao Serviço de Urgência por quadro de vómitos biliares e dor abdominal predominantemente no hipocôndrio direito, com quatro dias de evolução. Ao exame objectivo apresentava-se consciente, orientada e colaborante, hemodinamicamente estável, apirética, com pele e mucosas coradas e hidratadas, escleróticas anictéricas; abdómen livre, ruídos hidro-aéreos presentes, mole e depressível, ligeiramente doloroso à palpação profunda da região epigástrica e do hipocôndrio direito, sem massas palpáveis e sem sinais de irritação peritoneal. Analiticamente sem elevação dos parâmetros inflamatórios mas com alteração da bioquímica hepática (AST 427 U/L, ALT 689 U/L, fosfatase alcalina 336 U/L, gama GT 447 U/L, bilirrubina total 4.5 mg/dl, bilirrubina directa 3.8 mg/d). Efectuou ecografia digestiva que revelou discreta ectasia das vias biliares intra-hepáticas; VBP dilatada até à porção distal, não se identificando a causa da obstrução. Para melhor esclarecimento do quadro efectuou, de imediato, ecoendoscopia que confirmou a via biliar principal ectasiada (10.8 mm) identificando-se microcálculo móvel no lúmen distal, papila duodenal com discreta ectasia do canal biliar, cálculo intrapapilar com 2.7 mm (com cone de sombra) condicionando esta obstrução e exsudado peripancreático. Realizou de seguida CPRE com extração dos dois microcálculos previamente identificados.

Comentários:

Este caso clínico demonstra a elevada sensibilidade da ecoendoscopia na identificação de microcálculos biliares, realçando a importância de efectuar uma pormenorizada exploração da papila duodenal e confirmando a vantagem da realização de ecoendoscopia imediatamente antes da CPRE, reduzindo assim as complicações da última. Destaca-se o facto dos exames terem sido efectuados no próprio dia, de uma forma sistematizada, impedindo complicações relacionadas com o quadro clínico.

 

Autores

Antonieta Santos, Rita Herculano, Joana Carvalheiro, Eduardo Pereira

Hospital Amato Lusitano – Castelo Branco