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US Quiz of the Month – May 2013

CASE REPORT

Mulher de 71 anos, com queixas de astenia e dispepsia. Por este motivo realizou TC abdominal em ambulatório, que revelou dilatação da via biliar principal (12mm) com estreitamento progressivo na porção distal, compatível com ampuloma. Neste contexto referenciada ao nosso Serviço. A CPRE não foi conseguida por ter um divertículo da parede duodenal, com papila intradiverticular. Optou-se por realizar ecoendoscopia, que revelou via biliar principal dilatada (máximo de 11mm), com lesão polipoide de 7mm na porção intrapapilar. Procedeu-se a tentativa de punção aspirativa com agulha fina, que foi inconclusiva.

Figura 1- Divertículo da parede duodenal

Figura 2 – Lesão hipoecogénica de 7mm na via biliar principal distal

Figura 3 – Lesão polipoide que ocupa quase todo lúmen da via biliar no segmento distal

 

A colangiopancreatografia por ressonância magnética confirmou dilatação da VBP com estreitamento excêntrico na sua porção distal, sugestivo de colangiocarcinoma. Foi decidido em consulta multidisciplinar a realização de duodenopancreatectomia cefálica com colescistectomia. Avaliação histológica da peça cirúrgica revelou, na porção distal do colédoco, colangiocarcinoma bem diferenciado, sem envolvimento ganglionar (pT1N0Mx). Avaliação complementar confirmou tratar-se de M0 – Estadio Ia. Seis meses após a doente mantêm-se assintomática.

 

CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS:

Apesar de muitas vezes agressivo e fatal, o colangiocarcinoma assume-se frequentemente como uma neoplasia silenciosa em fases precoces. A ecoendoscopia apresenta uma elevada acuidade diagnóstica na avaliação da porção distal da via biliar principal, permitindo observar lesões de pequena dimensão, pelo que pode ter um papel importante no diagnóstico precoce do colangiocarcinoma extrahepático distal. O prognóstico do colangiocarcinoma revela-se significativamente melhor quando o tratamento é possível nos estadios mais precoces.

 

Autores: Fernandes C.; Fernandes S.; Proença L.; Pinho R.; Pais T.; Ribeiro I.; Costa A.; Viveiros F.; Maciel J; Fraga J.

 

Serviço de Gastrenterologia, Centro Hospitalar Vila Nova Gaia, Portugal